domingo, 16 de julho de 2017

Vivendo aleatoriamente


Eu tive que pensar em casa. Na vida que eu deixei quando fiz minhas malas. Há seis meses, eu estava decidida a dar adeus a tudo que eu conhecia. Tive que pausar um ciclo que fez com que eu sentisse que vivia um limbo sem fim, nessa coisa de tentar entender mais ou menos o que é esperado. 

Eu me lembro como se ainda estivesse acontecendo, de tão vívido, de estar encarando a tela do computador, sem entender muito bem os caminhos que minha vida iria tomar. Sem entender muito bem qual era a graça daqueles momentos de sonhos, sem grandes realizações. Bem, ninguém nunca havia dito que conquistar coisas fosse fácil, embora algumas façam parecer que sim, né? Eu pensei muito e muito no peso das minhas decisões e de certa forma preparada pra que isso pudesse implicar.

Mais o que nunca havia compreendido era como seria levar uma vida em um país completamente novo, numa cultura inteiramente diferente. Viver ficou descomplicado, justamente no momento mais complexo da minha existência. Eu estive presente. Sem futuro, sem passado. Apenas respirando, inspirando, absorvendo. Cada pedaço da existência daquilo que só existiu por muito tempo dentro da minha cabeça. 

Em algum ponto desses tempos loucos, eu apenas parei de ter medo. E fiquei. Mesmo que às vezes machuque pensar em casa e nas coisas boas que ficaram pra trás e que não couberam nas minhas malas. Ainda que muitas continuem existindo dentro de nós.