sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Grey days


Dias nublados me deixam bem. Eu tenho aquela sensação de nostalgia que me leva até dezembro. As fotos da minha infância aconteceram em dias de tempo fechado. Se me concentrar o suficiente posso sentir o cheiro do mormaço.  

As lembranças que surgiram em minha mente após a morte da minha vó me enchiam de tristeza. Mesmo que fosse pra lembrar da época mais feliz da minha vida. A tristeza vinha com a saudade, daquilo que nunca poderei tocar outra vez. Aqueles dias brilhantes, de céu nublado. 

Eu supero meus dramas, porque revisitar o passado me derruba. E eu não sei estar no chão, embora comece a me acostumar com o sentimento. Eu queria entrar na minha capsula do tempo.  

Estou vivendo dias cinzentos demais. Não são dias nublados, são dias de cor cinza. Acordar pela manhã me deixa cansada, a rotina de maus hábitos me massacra, a energia das pessoas me deixa sem a minha. Tenho convivido com um sentimento de fracasso que nem mesmo sei se existe ou se mora no meu inconsciente. 

E não é que não quisesse a minha vida. Apenas gostaria de uma versão diferente. Essa daqui não é aquilo que minha infância merece. Eu sei que não. E ainda assim preciso de muito mais força pra executar as coisas mais simples do que necessitava há alguns meses. 

É uma fase ruim. Aos poucos, começo a entender isso. Me forço a vivenciar as coisas que me deixavam bem, mesmo que aquilo não seja a minha vontade. Eu sei que o resultado de satisfação depois disso vai me deixar radiante.