sábado, 19 de março de 2016

Playlist


Estava sentada bem no meio do carro, cercada de pessoas que não costumava concordar em nada. Lá fora escuro, com exceção dos faróis dos carros que surgiam na estrada. O sentimento era um velho conhecido meu, o de vazio. O problema era a playlist.

Conforme o carro avançava na estrada, aquelas músicas da minha vida rolavam no pé do ouvido. Me transportando pra cada fase que tinha encarado até aqui, desde a infância. O problema era a playlist que trazia as canções preferidas.

Aquele sentimento de déjà vu que te faz perceber que um dia você se sentiu plenamente feliz em algum momento. E não tem a ver com não estar feliz. É só que depois que a gente cresce não dá pra se sentir tão pleno assim. A playlist errada me transformava em um mar em ressaca.

É reconhecer os sonhos de uma vida que você teve e que largou em algum lugar no caminho. É lembrar que um dia sonhou. E que passou a viver um arroz com feijão de baixas expectativas. Porque em todos os dias há uma nova decepção pra encarar. Essa playlist errada era pra me reencontrar.

O problema é que o encontro me fez sentir vazia. Sem nada. Sem sonhos. Sem o principal de mim e da minha essência. Porque todos os dias é acordar e me chutar pra dentro do baú pra que caiba ali bem apertado, sem deixar a porta aberta, pra que ninguém perceba o que eu posso ser. E que agora não sou nada. 

Aquela playlist me derrubou. Mas a verdade é que já estava no chão. 

terça-feira, 1 de março de 2016

As chuvas de março voltaram


No final de semana eu desmoronei e fui muito bom. Sabe quando você acorda no dia seguinte renovada? Foi exatamente assim que me senti. Depois de recuperar o meu bom humor, me senti animada com as coisas, estava plenamente decidida a não deixar que nada, absolutamente nada, me tirasse esse sentimento. 

Este é o tipo de coisa que não podemos decidir, porque o universo não conspira a nosso favor. Minha boa fase durou apenas dois dias. Está aberta a temporada do mau humor novamente por aqui. Afinal, eles estão dispostos a derrubar os nossos castelos, como se fossem de areia. 

Dito isso, agora já não tenho mais vontade de conversar. Não importa o quanto a gente trabalhe para que as coisas deem certo, sempre há algo disposto a nos atrapalhar. Vamos esperar que coisas boas aconteçam.