segunda-feira, 27 de abril de 2015

Paixão Platônica


Esses dias eu parei pra ler Anexos, o livro da Rainbow Rowell, que me fez pensar muito na minha adolescência. Além de ser muito engraçado, ele falava de um cara que trabalhava em um jornal, lendo emails dos funcionários. Até que um dia ele se apaixonada por uma moça que conversava por email com a sua amiga todos os dias. Ele se perde de amor só de ler as conversas dela. Daí ele começa a imaginar como tudo seria se aquilo se tornasse real. 

É bem provável que eu seja a rainha das paixões platônicas. Adorava fantasiar uma vida completa com qualquer carinha que eu achasse interessante. Eu arrumava paixões platônicas em cada lugar que ia, na escola, no ponto de ônibus, na igreja, no supermercado. Passava meses tentando encontrar determinada pessoa nos horários que vi pela primeira vez, podia ser só pra olhar, pra alimentar minha imaginação, pra tentar sentir o cheiro. 

O que mais me fazia amar esses meus relacionamentos de um lado só é que tudo era do jeito que eu queria. Poderia inventar diálogos inteiros de como nós nos conheceríamos, como seria o nosso namoro, em que lugares iríamos. Tava tudo ali prontinho na minha cabeça, até o dia que eu terminasse o relacionamento e partisse pra próxima paixão. Passei anos assim. 

(Mais uma vez, obrigada Rainbow Rowell por escrever livros tão deliciosos e me lembrar como é ser adolescente)

Sandy Quintans