quinta-feira, 12 de março de 2015

Vida temporária

"Life is what happens to you / While you're busy making other plans"*, disse John Lennon. E eu não poderia ser mais clichê na escolha de uma citação. Mas foi exatamente o que veio em minha mente no momento em que comecei a pensar no que estava fazendo, enquanto estava no caminho de volta pra casa. Foi então que percebi que tomei as circunstâncias da minha vida em algo temporário. Em algo que acontece antes da vida, do grande plano, do grande futuro. 

Deixei que a vida corresse seu curso naturalmente porque estava mais interessada na chegada até a margem. Permiti que meus meses fossem tomados por planos nenhum porque viver o agora não era bem o meu objetivo. Isso está errado. 

Parar pra pensar nisto me levou a entender que a vida está acontecendo agora, o tempo todo, diante dos meus olhos, passando despercebida. O tempo todo tem vida sendo vivida e não estou presente pra registrar. Não estou aqui pra me importar. E se o grande plano der errado? Vou viver esperando a vida acontecer? Acho que não. 

Sandy Quintans

*Trecho da música "Beutiful Boy", que faz parte do álbum Double Fantasy, lançado em 1980 por John e Yoko. Pode ser traduzido como: "A vida é aquilo que acontece enquanto você está fazendo outros planos"

sexta-feira, 6 de março de 2015

O pote do final do arco-íris


Minha vida não me preparou para o que acontecia depois da faculdade. Na verdade, a de ninguém. Aprendi isso em Girls e nunca me senti tão parte desse clube como antes. E não sei dizer se é algo bom, vejo mais como uma constatação. 

Em meus anos pré-faculdade me imaginava dentro daquele universo acadêmico, realizando descobertas, modificando meu modo de ver as coisas. Tudo isso aconteceu, mas a gente sempre acredita que quando todas aquelas realizações terminassem, haveria uma revelação ali no final do arco-íris, como um pote de ouro.

Conquistei meu diploma, cheguei ao fim da linha e não sei o que fazer com isso. O problema é que a gente imagina todo o processo de ingressar na faculdade e que por mais interminável que ela pareça, ela vai ter fim. Aos poucos eu fui me inserindo em minha área de atuação, em conta gotas e quando percebi já estava lá. Não no tal destino dos sonhos, mas em algum lugar que poderia me levar a isso, em algum lugar que poderia proporcionar aquela revelação.

Que fase estranha essa, de não ter que frequentar aulas, nem se preocupar com trabalhos e provas, em como conciliar tudo isso com a sua vida. Estranha porque não sinto falta, pelo menos por enquanto. Estranha porque estou feliz com meu tempo livre, que até agora não se concretizou como “livre”, já que ele tá sempre ocupado. Estranha porque eu gosto do agora, mesmo sem saber o que ele significa. 

Eu não sei o que será da minha vida nos próximos meses, mas já consigo imaginar em anos, em futuros. Mesmo sendo planos estranhos, mesmo sendo dias estranhos. 

Sandy Quintans