domingo, 4 de março de 2012

Em busca do tempo perdido.

Aos meus 21 anos e alguns meses de vida travei minhas costas. Isso mesmo, fiquei travada. A cena? Um momento entre pegar o celular do chão e um espirro me causou isso. Fiquei andando feito uma pessoa que viveu muito e já não aguenta mais o peso da vida. De vez em quando, os ossos dão defeitos quando se é mais velho. Será que de criança pertinente me tornei uma idosa travada? Senti decepção de mim e da minha geração. 
Passo o dia correndo. Tentando fazer mil coisas ao mesmo tempo e nem por um segundo se quer paro pra cuidar de mim. A não ser quando for pra cuidar do ego. Esse eu cuido até demais. Tenho a impressão de que estou em uma corrida da qual não escolhi entrar. Mas é o tipo de corrida que não se escolhe, apenas se está lá. Esse é o problema, não quero estar em algum lugar apenas por estar. Quero estar pra viver lá. Afinal de contas, qual é a do mundo por essa busca por tempo? 
Tempo é algo que sempre fiz questão de preencher, não sou do tipo desocupada. Mas não posso compartilhar da ideia de que se tem que achar normal fazer 36 horas de ocupações em um dia de 24 horas. É pra achar normal isso? Se for pra achar, me sinto ultrapassada. Engraçado é encontrar este padrão em uma criança de oito anos. 
Um dia escutei que tecnologia serve pra facilitar nossa vida, pra ganhar tempo. Grande ilusão da sociedade. Só nos tornamos multitarefas numa dessas. Em um momento como o nosso ganhar tempo de um lado, só se for pra perder do outro. Tecnologia já passou da fase de facilitadora, agora é motivo de afastamento da vida. De afastamento de você. Só tenho medo de que por causa dessa tal tecnologia eu me torne uma jovem idosa sedentária com as costas travadas ao invés de alguém jovem que esbanja a vida.

Sandy Quintans

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