quarta-feira, 27 de julho de 2011

Filhos da Tecnologia.

Pra mim foi inevitável questionar a sensibilidade da minha geração. Sempre vejo as pessoas mais velhas me dizendo que não aguentam assistir ao filme 127 horas. Ao contrário das pessoas da minha idade elas não gostam. Mas eu penso é uma grande história, e com final feliz. Medir a sensibilidade das pessoas através do que elas assistem é uma grande ideia, um grande termômetro. De uma maneira bem generalizada, homens gostam de filmes de ação, mulheres de romance, jovens de jogos mortais, e pessoas mais velhas de histórias comoventes e de preferência reais.
Pensando em outro ponto, parei pra ler um artigo em uma revista de história sobre a década de 60, época da qual eu sou apaixonada. Lá contava sobre o engajamento politico da época que mudou grande parte das coisas como são hoje pra gente, pois os movimentos e revoltas foram inúmeros. Uns lutando contra guerra, outros em lutas trabalhistas, mulheres em busca da liberdade, e estudantes lutando por algo melhor. Enfim um verdadeiro caos á favor de algo, á favor de uma mundo melhor. Não pude deixar de voltar a questionar sobre a sensibilidade da minha geração. É fato que gostamos de pensar que as pessoas eram mais felizes em outros tempos, afinal não estávamos lá para nos certificar. Mas contra fatos históricos não se pode ir contra: de fato as pessoas lutavam, principalmente os jovens, pois acreditavam em algo, acreditavam que as coisas poderiam ser diferentes.
Eu vivo em uma geração aonde se acredita em algo além de si mesmo? Quando foi que deixamos de acreditar em algo? Acho que passamos a acreditar na Apple, No Google, Na Microsoft e no Facebook, embora o mundo esteja um caos. Ainda. Nossa sensibilidade foi afetada pela tecnologia?  Será que utilizamos todos os nossos recursos á favor de um mundo melhor? É óbvio que não, estamos aí tentando nos promover entre bilhões de outros nós. Sou da geração que só sente algo se ficar sem internet. Será?
Levantei toda essa questão depois de perceber que já não sou tão sensível quanto costumava ser. Cresci, me sinto mais velha, mas definitivamente não me sinto nem um pouco mais sábia. Quando era mais nova sentia que sabia de algo, e hoje sinto que já não sei de mais nada. Não sinto meu engajamento pelo mundo, não sinto minha contribuição e não sei mais quais são as minhas crenças. Talvez esteja na hora de acreditar em alguma coisa afinal.

Sandy Quintans

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Pior que ser ruim é ser boa.

É o quase que me incomoda. Pior do que ser ruim em alguma coisa é ser bom. Eu nunca fui boa o suficiente pra ser a melhor. Mas sempre fui boa. No entanto foi sempre na trave que eu bati, tudo isso porque sou boa. Sou boa aluna, boa funciónaria. Boa o suficiente pra não ser lembrada. Tenho a impressão de na verdade são os ruins que são lembrados. Parece que reconhecimento mesmo só vem pra quem fala e não pra quem faz. Tola fui eu de querer fazer alguma coisa.
Será que nesse país só os idiotas que conseguem alguma coisa? Ou será que é no mundo inteiro? O que me chateia é que tem gente boa de verdade, realmente bom em algo que tá aí, comendo o famoso pão que o diabo amassou. Enquanto tem gente que nunca fez nada de bom realmente e está subindo cada vez mais alto, cada degrau.
É esse tipo de coisa que faz meu dia ficar cinza quando está sol. Pior que ser ruim é alguma coisa, é ser boa, mas não o suficiente. Sou boa coadjuvante mas nunca boa atriz principal.

Sandy Quintans